Segundo lobista, Cunha usou voos fretados como propina

BRASÍLIA – Apurações da operação Lava-Jato, da Polícia Federal, indicam que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recebeu sua parte nos desvios da Petrobras não só em dinheiro, mas também em créditos para usar aviões particulares fretados por lobistas ligados ao esquema. A informação está em documento redigido pelo procurador-geral da República em exercício, Eugênio Aragão, no aditamento à denúncia apresentada contra Cunha em inquérito em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo as investigações, Cunha recebeu propina no valor de US$ 5 milhões para permitir a contratação de navios-sonda pela Petrobras. 
  
A partir de depoimentos do lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, o Ministério Público conseguiu mais detalhes de como essa quantia foi repassada ao parlamentar. Do total do dinheiro, R$ 7 milhões foram repassados pelo lobista Julio Camargo a Baiano em espécie, para ser pago a Eduardo cunha. O dinheiro foi entregue a Baiano pelo doleiro Alberto Youssef. Dos R$ 7 milhões, foram feitos repasses à Igreja Evangélica Assembleia de Deus em valores de R$ 250 mil e de R$ 125 mil por Julio Camargo, a pedido de Cunha. Ao fim de todas as operações, Cunha cobrou de Camargo o pagamento de mais R$ 1 milhão. O valor seria devido por conta da variação cambial no período. Camargo discordou. 

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Ao fim das negociações, em 2014, Camargo concordou em pagar mais R$ 500 mil a Cunha e Baiano desembolsaria os outros R$ 500 mil cobrados. A parte de Camargo foi paga da seguinte forma: R$ 200 mil em dinheiro e R$ 500 mil em créditos de voo em taxi aéreo. No aditamento da denúncia, o Ministério Público Federal anexa as notas dos voos utilizados por Cunha. “Evidencia-se, pois, que Eduardo Cunha recebeu os valores ilícitos referentes às sondas da Petrobras até 11 de setembro de 2014”, escreveu Eugênio Aragão. Os voos utilizados por Cunha custaram R$122,2 mil e foram realizados entre agosto e setembro do ano passado. 

O valor restante não chegou a ser utilizado, em razão do avanço das investigações da Operação Lava-Jato e das noticias do envolvimento de Julio Camargo nas ilegalidades. Nesta sexta-feira, a defesa do presidente da Câmara pediu para que tramite em sigilo o inquérito que investigará suas contas na Suíça. O advogado e ex-procurador Antonio Fernando de Souza alega que a imagem de Cunha está sendo exposta na imprensa, sem que ele tenha acesso ainda aos dados. Os documentos apresentados por Cunha para abertura de uma de suas contas na Suíça levaram o banco Julius Baer a estimar seu patrimônio em mais de 37 vezes o que ele declarou à Justiça Eleitora.

CRÉDITO DA MATÉRIA ORIGINAL (EXTRAÍDA DA REDE WEB) :
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